Maria e a Catequese
A primeira catequista
Desde o princípio em minha caminhada na Catequese ouvi dizer que Maria foi a primeira catequista. E isso ecoou durante o meu percurso de maneira suave, contínua e doce. Procurava eu entender como uma simples menina podia ter recebido uma missão tão primorosa e ao mesmo tempo de tanta responsabilidade, além disso eu queria entender de que maneira isso teria ligação à minha pastoral. Com o passar dos anos, as coisas foram tornando-se claras.
Pensando em mim, penso também em Maria, jamais querendo me comparar a ela, mas comparando o meu chamado e o de tantas meninas e tantos meninos. Ela, serva fiel, serviu a Deus doando sua vida para cuidar do seu filho, Salvador e Senhor. Eu e os demais, temos a missão de levar a diante o que foi iniciado por Maria: transmitir a Boa Nova a todos, encaminhar cada irmão, cada irmã a um encontro com Jesus.
Seguir a primeira catequista é fazer a vontade do Pai, é ser discípulo e missionário em nossas comunidades, é acompanhar o calvário, é chegar a ressurreição e ir ao cenáculo, estar em oração a espera de Pentecostes. É caminhar com Maria construindo constantemente a Igreja, é se alegrar com cada conversão, com cada irmão que adere a proposta de salvação. É se por a caminho, é caminhar junto, dialogando e partilhando, como no templo quando procurava o Menino, como em Caná da Galileia, como em tantos momentos narrados no santo livro.
Quando alguns falam mal de Maria, lembro-me de algo que li recentemente: Quem sou eu para honrar aquela que o próprio Deus honrou? É impossível não amá-la e não compreender que a primeira catequista é de fato alguém especial na história da salvação. E que eu em minha pequenez ainda tenho muito que aprender com ela, por isso sempre estou a convidá-la: Vem Maria, fazer parte da minha vida, da minha caminhada, ensina-me a andar, ensina-me a ser serva fiel como tu és, ensina-me a ser uma catequista discípula e missionária a serviço do Teu filho.
Uma
vocação marcante na Igreja é ser catequista. Os Papas falam da
catequese como a “pupila dos olhos” dos ministérios. Em nosso calendário
católico agosto é mês vocacional e o último domingo é o Dia Nacional do Catequista.
Voltando aos inícios da trajetória da Igreja descobrimos que a primeira
de todas as catequistas foi Maria de Nazaré. Mãe do Verbo!
Discípula-modelo!
Ela integrou em si e em seu relacionamento com Jesus tudo o que
significa a palavra “catequese” na missão da Igreja no mundo. Foi a
primeira catequista do Pai. Educando Jesus como mãe, era ao mesmo tempo a
sua maior discípula na peregrinação da fé, ou na vocação cristã. Logo,
ela não é só uma figura histórica na vida terrena do Mestre. Ela é mãe e
é modelo – ou tipo – da Igreja! A palavra ‘tipo’
tem o sentido de: o padrão; o original; a prefiguração. Maria
pré-figura aquilo que a Igreja é. Na relação Maria-Igreja uma é a
perfeita realização da outra.
Façamos uma comparação ingênua: cada pessoa tem o seu código genético. O seu DNA.
Através dele sabe-se de quem alguém é filho (a). O código genético
enquanto “dado da ciência” explica as semelhanças entre pais e filhos.
Pois bem, nosso “DNA” cristão nos faz semelhantes a Maria numa geração
espiritual. Foi no seio dela que aconteceu o início da nova criação, da
nova humanidade com a geração do “homem novo”, Jesus. O Evangelho fala
de Jesus como “primícias” de todos os cristãos. O primogênito!
Somos filhos de Deus em Jesus! Deus nos chamou e escolheu para sermos
“conformes à imagem de seu Filho, para que este seja o primogênito entre
muitos irmãos” (Rm.8,29).
Enquanto mistério a Igreja é o ‘corpo de Cristo’. Como mãe e
educadora de Jesus, Maria é mãe e educadora da Igreja. Discípula do
próprio Filho na fé e na acolhida à Palavra, ela é modelo de discipulado
para todos nós. E é a primeira catequista da Igreja. Tanto na História
como no Mistério.
Quem melhor do que a Virgem pode nos ensinar e ajudar a sermos
discípulos verdadeiros de Jesus? Seja na vida em família, seja na
vivência de uma comunidade cristã, seja na espiritualidade do coração? O
Evangelho testemunha que ela acreditou, contra tudo e contra todos, no
mistério do Filho amado desde a anunciação perturbadora do anjo e,
depois, durante a rejeição e a perseguição até o Calvário. Ela cooperou
com ele e coopera conosco para que o projeto salvador do Pai se realize
sempre.
Não hesitou comprometer-se até a máxima renúncia de si. Renúncia que a
crucificou de dor junto com o Filho. Naquela hora exatamente, ele a
entregou a nós por mãe em seu lugar. Assim, com a bênção e a ajuda de
Maria – a catequista da Igreja – seremos os cristãos responsáveis em
nossa comunidade paroquial: no culto, na catequese, no anúncio e no
testemunho do Evangelho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário